Governo Bolsonaro retoma ataques à autonomia universitária e ao direito de livre expressão

Para a Adupe, tentativa de amordaçar os professores é, também, tentativa de calar a educação para que prevaleça o pensamento único. 

Desde que foi instalado, o governo de Jair Bolsonaro escolheu a universidade como um dos alvos de sua política persecutória. Neste momento, quando a pandemia da Covid-19 chega à sua pior fase, o governo retoma a tática de perseguição à comunidade acadêmica e de desrespeito à autonomia universitária.

Em mais uma atitude autoritária, o Ministério da Educação encaminhou, no início de fevereiro, um ofício às administrações das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), no qual orienta que medidas sejam tomadas para “prevenir e punir atos político-partidários nas instituições públicas federais de ensino”.

Concomitantemente, a Controladoria-Geral da União (CGU) abriu um processo contra dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que criticaram Jair Bolsonaro no Youtube e no Facebook. Para não correr o risco de exoneração, os docentes tiveram que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Para a Adupe, a postura do MEC merece ser condenada, por representar um ataque frontal à educação e à autonomia universitária, além de ser uma tentativa de coibir o debate de ideias e de pensamento crítico na academia. Aliás, as recomendações do MEC no sentido de perseguir professores e estudantes, devido aos seus posicionamentos políticos contrariam decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e a própria Constituição Federal.

Assim como nas tentativas anteriores, a Adupe repudia a tentativa de censura nas universidades e coloca-se novamente na defesa do direito de ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber pautado no pluralismo de idéias, conforme previsto na Constituição Federal.

A entidade se solidariza com os professores Pedro Hallal (Ex-reitor da UFPel), e Eraldo dos Santos Pinheiro, da mesma instituição, alvos do processo aberto pela CGU.

Ontem (03/03), o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições Superiores (ANDES-SN) também se posicionou contra o ofício do MEC. Reação contrária partiu também da Câmara dos Deputados. O Líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT), enviou representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a revogação do ofício e apuração de responsabilidades do Ministério da Educação (MEC).

O pedido se baseia em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela inconstitucionalidade de atacar a liberdade de expressão de alunos e professores e de tentativas de impedir a propagação de ideologias ou pensamento dentro das universidades. 

Saiba mais!

Parecer da Adupe sobre liberdade de cátedra

Teor do ofício enviado pelo MEC às instituições de ensino superior

Nota do ANDES-SN

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Author: comunicacao

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